
Empreendedores faturam com bares e restaurantes em "rooftops"
Casas noturnas localizadas no topo de prédios, com vista para a cidade, viram tendência na cidade de São Paulo
São Paulo não é mais a mesma, tirou os pés do chão e anda olhando todo mundo de cima para baixo. A capital paulista está tão mudada que aquilo que antes era chamado de terraço agora prefere ser tratado de forma mais cosmopolita: rooftop.
O chef Olivier Anquier abriu o Rooftop Esther em prédio histórico, com vista para o centro da cidade (Foto: Divulgação/GNT)
É o reflexo de uma tendência de ocupação dos espaços já existentes pelos empreendedores - fenômeno similar à criação de bares e restaurantes em porões e subterrâneos. Mas chama a atenção a variedade dos empreendimentos - que vai desde o ambiente mais despojado, passando pelo baladeiro e chegando aos restaurantes e bares românticos ou de valor histórico.
No centro da cidade, por exemplo, existe uma concentração de rooftops. Perto do Largo do Paiçandu está o mais informal deles, a Balsa. O terraço, aberto às quintas e sextas (esporadicamente em outros dias), fica no quinto andar de um prédio comercial. Ao seu redor, é possível avistar o Viaduto do Chá, o Edifício Martinelli e o Vale do Anhangabaú.
Normalmente, a música não é alta e as festas não ultrapassam as 23 horas. Trata-se de um local para conversar, tomar uma bebida de forma despretensiosa. Às vezes, abre para saraus, shows e peças de teatro. "A Balsa vai fazer sete anos. Quando a gente abriu, ainda não havia essa cultura", contou o fundador, Helohim Barros, de 40 anos.
Perto dali, mais especificamente na frente da Praça da República, já é possível encontrar um terraço mais formal, o restaurante Rooftop Esther, dos chefs franceses Benoit Mathurin e Olivier Anquier. Localizado em um edifício histórico, considerado o primeiro de inspiração Bauhaus na cidade, o restaurante tem ambiente tranquilo, bom para reuniões familiares, jantares românticos ou um vinho ao cair da tarde. Os pratos custam entre R$ 72 e R$ 82. "O rooftop é um sucesso, porque muita gente já viajou para Nova York e Paris e conheceu lugares assim", afirma Mathurin.
Ainda na região, é possível trocar a tranquilidade do Esther por uma balada da moda, a Tokyo. Em seu rooftop, a maioria ainda não bateu nos 30 anos. O som é o rock (muita coisa dos anos 80 e 90) e o espaço é altamente "instagramável" - ou seja, bom para quem quer publicar fotos no Instagram. "Tem uma coisa que eu gosto no rooftop. É o fato de poder fumar sem ter de sair da balada ou ir para um puxadinho", diz o estudante Lucas Fonseca, de 21 anos.
Em um clima parecido acontecem as festas do Air Rooftop, no alto do Shopping Light (ao lado da Prefeitura). Aqui, as festas são de música eletrônica e a periodicidade dos encontros é de uma ou duas vezes por mês. "A localização no coração de São Paulo, com vista para o Teatro Municipal e centro, traz uma outra aura para o evento", diz Guga Trevisani, diretor da Entourage, empresa que organiza os eventos do Air. "Nas principais metrópoles do mundo, festas em Rooftop se tornaram objeto de desejo e, em São Paulo, não é diferente."